Foi-se o tempo em que as barreiras geográficas eram o seu principal impedimento para seguir uma carreira internacional em TI. As transformações no mercado de trabalho em tecnologia, a possibilidade de trabalhar remotamente, mostram que você não precisa mais pensar em mil e um empecilhos para ser um desenvolvedor de software em outro país.
Pense bem: você já trilhou um caminho de sucesso como talento de tecnologia no Brasil, atingiu níveis de experiência consideráveis (como Pleno e Sênior), domina um segundo idioma e busca oportunidades melhores do que as que têm encontrado ultimamente, temos que te dizer que é a hora ideal para investir em uma carreira na gringa!
Mas, se esta ideia ainda é nova para você, não se preocupe. Nos tópicos abaixo, vamos dar algumas dicas para começar o planejamento desta sua nova fase profissional. Confira!
Aprimorando habilidades
Depois que você entende que é hora de seguir carreira em outros países, a primeira forma de se preparar para buscar oportunidades internacionais é através do aprimoramento de habilidades. Desenvolvedores que já trabalham em empresas do exterior e especialistas em recrutamento em tecnologia relatam que profissionais brasileiros têm grandes chances de serem aceitos no mercado internacional por causa de seu perfil versátil e generalista, característica denominada hybrid.
Com isso em mente, passa a ser interessante trilhar um modelo de carreira em T e, assim, fortalecer suas habilidades técnicas e comportamentais de forma ampla. Após eliminar a barreira do idioma que, apesar de existir possibilidades remotas, é uma skill imprescindível para as carreiras internacionais em TI, busque mais informações sobre as maiores necessidades do mercado estrangeiro quando se trata de tecnologia.
Ao reunir todas essas informações, é hora de investir em certificações, especializações e nos estudos de forma geral. O candidato ideal para as empresas é aquele que atua como especialista em algo, mas continua sendo versátil e conhecendo diversas áreas da programação.
Para que você consiga sair na frente de outros profissionais, o conhecimento técnico em programação não pode ser uma barreira. Então, invista seu tempo nos estudos e concilie-os ao seu trabalho atual de forma diluída, enfrentando pequenos desafios um de cada vez.
Invista no LinkedIn e no currículo
Você já deve conhecer a máxima “quem não é visto, não é lembrado”. E não há como negar que ela se encaixa perfeitamente no mercado de trabalho, já que para encontrar boas oportunidades, é essencial que você esteja na mira de recrutadores ou demais profissionais que podem te colocar em contato com oportunidades únicas.
Então, cabe a pergunta: o que você tem feito para ficar visível para as pessoas que podem te conectar a oportunidades de ter uma carreira internacional em TI? É importante entender algumas características do recrutamento de outros países para, assim, tornar-se um alvo dos headhunters e demais profissionais de RH.
A primeira informação importante a se saber é que empresas internacionais utilizam o LinkedIn como a principal plataforma para encontrar talentos. Isso porque as agências de recrutamento e seus respectivos serviços são tão caros que podem custar para as corporações de 25% até o aproximadamente o valor de um salário inteiro de cada talento contratado. Enquanto isso, o LinkedIn funciona como uma alternativa mais barata para a aquisição de novos talentos e mesmo quando os recrutadores fazem uso de features e versões específicas da rede social, o valor investido é muito menor.
Com isso em mente, chegamos a conclusão de que esta rede é a melhor opção para que você construa seu marketing pessoal e se posicione de forma ativa no mercado. Para isso, invista em palavras-chave específicas para as vagas das quais deseja aplicar, conecte-se com pessoas que podem estabelecer um bom networking com você e acompanhe as empresas nas quais você se interessa pelas oportunidades.
Uma outra dica é manter-se em constante atividade no LinkedIn. Divulgue o que você tem feito para aprimorar as suas habilidades, como cursos, certificações e novos projetos, por exemplo. Mas, fique atento: existe uma linha tênue entre a autopromoção e o marketing pessoal, cuidado para não ultrapassá-la!
Além disso, procure saber mais sobre as estruturas de currículo em outros países, principalmente na Europa. O modelo de currículo brasileiro é muito mais semelhante ao padrão norte-americano, com informações rápidas, separadas por tópicos, que podem ser melhor especificadas em uma carta de apresentação. Já na Europa, a preferência é por um currículo extremamente completo e com informações mais densas, para que os recrutadores já conheçam seu perfil logo de cara. Vale a pena seguir à risca os requisitos para mandar bem nas etapas de seleção.
Nível de Inglês
A fluência em língua inglesa é importante, principalmente porque no setor de tecnologia este é o idioma dominante. No entanto, você não deve ter medo de se arriscar e participar de um processo seletivo mesmo sem se comunicar como um nativo. Profissionais que já seguem uma carreira internacional em TI apontam que se você souber o básico para se comunicar e ser compreendido, além de dominar o inglês técnico, já pode aplicar para uma oportunidade.
Isso acontece porque os recrutadores quer entender de fato se você consegue se comunicar bem ao menos com o time em que está atuando, para entender os processos, as reuniões e dailies e as tomadas de decisões, por exemplo. Ao garantir este nível de proficiência, você já pode tentar embarcar em uma carreira na gringa e, se caso for aceito, melhorará suas habilidades de comunicação em outro idioma com o passar do tempo, aprendendo na prática.
Esteja preparado para o choque cultural
É necessário saber lidar com o choque cultural ao iniciar uma carreira internacional em TI. Afinal, a cultura brasileira de “tomar um cafézinho e trocar uma ideia”, não faz parte dos ambientes corporativos da gringa. Em alguns momentos, você poderá fazer parte de times onde não há outros brasileiros ou estrangeiros e será necessário lidar com isso de forma leve até que a adaptação aconteça.
A troca cultural entre profissionais de outras regiões do mundo é uma das experiências mais valiosas que uma carreira internacional pode te proporcionar, ela te abre portas das quais você nem imaginava que existiam. No entanto, é necessário se mostrar aberto para aprender novas e fazer com que a cultura não tenha um impacto negativo muito grande na sua trajetória como desenvolvedor em um outro país.
Mas, e se eu for júnior?
Sabe-se que a maioria das oportunidades internacionais são voltadas para desenvolvedores e demais profissionais de tecnologia com níveis mais elevados de experiência e, por isso, muitos talentos de nível júnior ficam com dúvidas se devem aplicar ou não para determinada vaga.
A resposta é: não há impedimentos, desde que você tenha os pré-requisitos necessários para conquistar esta oportunidade. Mas precisamos ser realistas. Existem muitos profissionais Pleno e Sênior aplicando para vagas de nível Júnior e dispostos a ocupar cargos “menores” apenas pela chance de trilhar uma carreira internacional, fazendo com que fique mais difícil para quem está no início de carreira.
Desenvolvedores Júnior devem estar mais focados em trabalhar habilidades técnicas fundamentais e suas soft skills para conquistar mais autonomia e melhores posições no mercado. Portanto, este momento, que já não é fácil, pode se tornar ainda mais complexo quando somado às mudanças que uma carreira internacional em TI implicam. Por isso, vale a pena pensar muito bem para não se precipitar e queimar a largada na sua carreira em programação.