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Mulheres na TI #1: Como é ser uma desenvolvedora no Brasil?

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    O dia 8 de março é marcado por um contexto de lutas por direitos que se originou de um movimento operário em Nova York, no ano de 1908. Foi na busca por igualdade de gênero que cerca de 15 mil mulheres foram às ruas manifestar por melhorias nos salários, jornadas de trabalho menos exaustivas e pela possibilidade de votar.

    Este foi o princípio para que, em 1910, o Dia Internacional da Mulher fosse criado (também por uma ativista) e oficializado pela ONU depois de algumas décadas. A partir do reconhecimento das Nações Unidas, a data passou a ser comemorada ao redor do mundo, a fim de relembrar e comemorar as conquistas sociais, políticas e econômicas da população feminina.

    Já avançamos muito na busca incessante por ocupar espaços que também devem ser nossos, inclusive na Tecnologia, um setor majoritariamente ocupado por homens. Ainda que em um menor número, quando comparamos com o público masculino, as mulheres na TI fazem a diferença ao redor do mundo.

    Pensando nisso, neste conteúdo especial para o Dia das Mulheres, vamos conhecer histórias inspiradoras de profissionais que vêm conquistando o mercado a cada dia e mostrando a outras mulheres que podemos estar onde sonhamos.

    Quer saber como é ser uma desenvolvedora no Brasil? Continue a leitura para conferir!

    Quem são as donas destas histórias?

    As experiências trazidas aqui são de mulheres que atuam em diferentes áreas do mercado de tecnologia no Brasil. São elas: Nadia Hasegawa, desenvolvedora júnior no time de Engineering da EZ.devs. Drielly Senna, que é Product Owner na Quero Delivery (empresa que faz parte do ecossistema EZ). Além de Giovanna Moeller, desenvolvedora iOS e web, que também atua na produção de conteúdos sobre programação e tecnologia através de seu instagram @girl.coding e canal no Youtube, também denominado Girl Coding.

    Cada uma delas teve uma experiência diferente no mercado, mas possuem um denominador comum: o amor pela tecnologia.

    Quando tudo começou…

    Para estas mulheres, o amor pela tecnologia começou muito cedo. Desde crianças ou adolescentes, já estavam envolvidas com um certo tipo de tecnologia, seja desenvolvendo sites e blogs pessoais, como Drielly, ou até mesmo através de jogos de console, como a Nadia, que considera que uma parte da sua influência foi proveniente da cultura japonesa de sua família. 

    Mesmo adorando a tecnologia, a Product Owner não sabia, durante a pré-adolescência, como seria possível trabalhar nesta área. “Eu devia ter uns 12 anos e lembro que assim que chegou um Windows 98 lá em casa (daqueles desktops com CPU que parecia uma nave de tanto barulho), eu já ‘fuçava’ em plataformas como o HpG e construía alguns blogs. Esse serviço foi o ‘professor’ de muita gente que queria aprender a linguagem HTML. Mas, no meu caso, eu aprendi a criar em blocos e editar os conteúdos.”

    Giovanna Moeller nos conta que também teve contato com a tecnologia desde muito cedo, mas foi aos 16 anos, no curso técnico em Informática, que cursava juntamente com o Ensino Médio, que encontrou uma oportunidade de aprender ainda mais sobre este universo, mesmo sem a certeza de que desejaria seguir carreira na área futuramente. 

    Já Nádia, pensava em seguir no caminho das artes digitais, por gostar muito de trabalhar com produções visuais e ilustrações. No entanto, esta não era uma possibilidade acessível para o momento em que se encontrava e decidiu seguir pelo caminho no qual considerava que poderia lhe oferecer mais oportunidades: “Quando cresci, passei no curso técnico e pensei: ‘Nossa! Já vou hackear, criar um jogo ou até mesmo uma IA…’. Mas não foi nada disso, foi só o ‘basicão do basicão’ mesmo”.

    Nem todos os passos para se tornarem mulheres que trabalham com TI foram fáceis. Em algumas vezes, elas se depararam com dificuldades no aprendizado ou precisaram passar por outras áreas do mercado. No entanto, desistir nunca foi uma opção para nenhuma destas três profissionais.

    No meio do caminho, uma certeza…

    Para Moeller, apesar dos desafios encontrados ao se deparar com a linguagem C logo no início dos estudos, foi no segundo ano de curso técnico que tudo passou a fazer mais sentido e mudou da água para o vinho. Afinal, havia começado a aprender um pouco mais sobre o desenvolvimento web e o PHP, através da construção de um e-commerce. 

    Neste exato momento, a profissional soube que iria seguir com a carreira de programação, o que perdurou até a chegada do último ano e do vestibular. Qual faculdade? Ciência da Computação? Sistemas de Informação? Após muitas pesquisas, chegou à conclusão de que a melhor opção seria Sistemas de Informação, e já cursa o terceiro período da graduação na Universidade Estadual Paulista  (UNESP).

    A desenvolvedora e produtora de conteúdo relata que, logo no curso técnico, já encontrou oportunidades de estágio e aceitou o desafio de trabalhar com ASP NET e C#, mesmo que fossem tecnologias totalmente diferentes de tudo o que já tinha estudado. No entanto, foi no ano passado em que descobriu a paixão pelo desenvolvimento iOS, ocupação na qual se encontra até hoje em uma empresa que a recebeu desde o estágio da faculdade.

    Nádia Hasegawa já atuou como freelancer de design gráfico, ilustração e até mesmo códigos de programação quando iniciou no mercado de trabalho. Logo após, encontrou a oportunidade de estagiar no time de tecnologia da EZ.devs e hoje já atua como Desenvolvedora Júnior aqui na EZ. 

    Para ela, o curso técnico na área de TI, somado ao estágio, foram cruciais para que encontrasse um espaço no mercado tech: “De início, achei que precisava urgentemente fazer algum bacharel para adquirir conhecimento e prática, mas hoje vejo que o curso técnico e o estágio já foram muito bons para eu entrar no mercado de trabalho e seguir a vida. Penso em fazer uma faculdade num futuro próximo mais pela experiência mesmo.”

    Os caminhos de Drielly Sena foram um pouco diferentes das demais desenvolvedoras, já que antes de ingressar de vez no mercado de tecnologia, passou por outras áreas. Quando começou na TI, encontrou como porta de entrada o setor de negócios e projetos web, sem muito aprofundamento em sistemas. 

    O verdadeiro divisor de águas em sua carreira foi a iniciativa “{reprograma}”, que auxilia mulheres cis e trans a ocuparem este espaço do mercado que, ainda, é dominado por homens. Através do projeto, Sena teve contato com figuras femininas apaixonadas por tecnologia e com histórias totalmente diferentes e inspiradoras, além de mentorias e palestras dentro de grandes empresas (como Google e Facebook).

    “Sou muito grata à essa experiência que tive e foi essencial para entender mais sobre desenvolvimento, projetos e produtos, que é minha área de atuação há cerca de 6 anos.”, relata a Product Owner da Quero Delivery.

    The present is Female

    Ser mulher no Brasil é um desafio diário, e não seria diferente para mulheres na TI. Nem todas as profissionais da tecnologia que relataram aqui as suas histórias, passaram pelos mesmos desafios relacionados à desigualdade de gênero. 

    Drielly acredita que ainda há diversas barreiras a serem quebradas, principalmente em relação às primeiras oportunidades e posições de entrada na área, bem como a igualdade salarial para mulheres na TI. “A visão que tenho hoje é que estamos melhores do que ontem, mas que estamos sempre avançando. Antes, o discurso da mulher em tech era: ‘The future is female’, hoje já dizemos ‘The present is female’, diz Sena.

    Ainda que existam muitos desafios, há também mais oportunidades no cenário atual, assim como um maior interesse em tecnologia por parte do público feminino. Cada vez mais, mulheres estão acreditando que podem ocupar estes lugares e, ser uma desenvolvedora no Brasil é um passo extremamente importante para este avanço.

    Confira o segundo artigo sobre o tema aqui.


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