O Que Faz um Código Ser Bom Hoje?
Antes de colocar a mão na massa, vale pensar no que é um código “de qualidade” . Não é só sobre zerar os erros ou entregar no prazo. Para mim, um código bom:
- Legível: Qualquer desenvolvedor do time consegue entender o que foi feito sem precisar decifrar enigmas?
- Manutenível: Adicionar ou alterar funcionalidades é simples e seguro?
- Testado: Existe confiança de que mudanças não vão quebrar outras partes do sistema?
- Performático: O código entrega eficiência sem comprometer a clareza?
- Consistente: Segue padrões e boas práticas estabelecidos pelo time?
Invista em Padrões e Boas Práticas
Se há algo que pode economizar tempo e reduzir dores de cabeça, é ter padrões claros. Isso ajuda o time a evitar discussões desnecessárias e mantém o foco no que realmente importa. Aqui estão algumas ideias para começar:
1. Use um Guia de Estilo Consistente
Imagine tentar ler um livro onde cada capítulo segue uma gramática diferente. Agora imagine isso no seu código. Ter um guia de estilo documentado — e seguido à risca — torna o código previsível e fácil de entender. Isso inclui:
- Como formatar o código (indentação, espaçamento);
- Convenções de nomeação (métodos, variáveis);
- Estrutura de arquivos e módulos.
2. Priorize Simplicidade
Quanto mais simples, melhor. Complexidade desnecessária é inimiga da qualidade de código. Adote o mantra KISS (Keep It Simple, Stupid). Reescreva trechos confusos, remova redundâncias e escolha sempre o caminho mais direto.
3. Documente o Essencial
“Escreva um código que se explica sozinho.” Essa frase é ótima, mas não se aplica a tudo. Em partes complexas (como algoritmos ou APIs críticas), documentar o porquê das escolhas é essencial. Mas atenção: comentários redundantes ou óbvios só poluem o código.
Automatize para evitar erros humanos
1. Integre ferramentas de CI/CD
Vale a pena configurar um pipeline de CI/CD. Ele vai te poupar tempo e evitar aquelas surpresas que só aparecem quando o código já está no ar. O que você pode automatizar nisso?
Testes unitários e de integração: T este as partes menores do código — tipo, uma função que calcula impostos está funcionando direitinho? — e veja se os módulos se conectam bem, como o front recebendo o que o backend promete. Assim, você mexe no código sabendo que o resto continua de pé.
Análise estática de código: Use linters para pegar erros simples, como variáveis esquecidas, e ferramentas de segurança para checar se não tem nenhuma falha escondida.
Builds e deploys: Garante consistência em diferentes ambientes.
2. Use testes como aliados
Testes são fundamentais para qualidade de código. Times maduros integram diferentes tipos de testes em seus projetos:
- Testes unitários: Garantem que partes isoladas do código funcionem como esperado.
- Testes de integração: Verificam a interação entre diferentes componentes.
- Testes end-to-end (E2E): Garantem que o fluxo completo do usuário funciona conforme esperado.
Dica importante: mantenha os testes atualizados e priorize as áreas críticas. Nem tudo precisa ter cobertura de 100%, mas deixar partes essenciais sem testes é arriscado.
3. Automatize o Code Review com IA
Revisar código só com o time é ótimo, mas nem sempre dá para cobrir tudo — ou você pode acabar deixando algo óbvio passar. Automatizar essa parte pode te salvar. Uma ferramenta como a Kodus, que usa IA para revisar código, é um exemplo perfeito. Antes de mandar seu pull request, ela analisa o que você escreveu e já te dá um retorno.
Adote uma cultura de revisão de código
Revisar código não é só sobre caçar bugs — é uma chance de trabalhar junto, trocar conhecimento e deixar todo mundo mais afiado. Mas para isso dar certo, você precisa fazer do jeito certo, sem deixar virar bagunça ou crítica solta. Aqui vai o que funciona.
Estabeleça Critérios Claros para Revisões
Revisões baseadas em achismos ou “eu faria diferente” não levam a lugar nenhum. O truque é ter critérios objetivos que todo mundo no time entenda e siga. Perguntas como essas ajudam:
- O código está dentro dos padrões que vocês combinaram?
- Tem testes suficientes para cobrir o que foi feito?
- Dá para entender o que está acontecendo sem precisar de um manual?
- Resolve o problema sem criar uma complicação nova?
Um checklist simples pode padronizar o processo e garantir que ninguém se perca nos detalhes.
Refatoração como rotina, não exceção
1. Divida o Trabalho
2. Priorize o Que Importa
Nem todo código precisa de refatoração agora. Foque nas partes que realmente atrapalham. Sabe aquele trecho que vive dando bug toda vez que alguém mexe? Ou aquela função tão confusa que ninguém quer tocar? É por aí que você começa.
3. Planeje Refatorações
Inclua tempo para refatoração no planejamento dos sprints. Se você deixar refatoração para “quando sobrar tempo”, adivinha? Nunca vai rolar. O jeito é embutir isso no seu planejamento. Reserve umas horas por sprint — pode ser 10% do tempo, tipo um dia num sprint de duas semanas. Vincule a um ticket se quiser justificar: “otimizar a busca de usuários” ou “limpar a lógica de autenticação”. Isso evita que o código acumule dívidas técnicas.
Promova aprendizado e troca de conhecimento
1. Realize pair programming
O trabalho em dupla não só melhora a qualidade de código como também acelera o aprendizado do time. É especialmente útil para resolver problemas complexos ou integrar novos membros.
2. Discuta Problemas Recorrentes
Fazer sessões para olhar o código com o time é uma forma simples de manter as coisas no rumo. Chame de retrospectiva técnica ou só um papo rápido — o importante é sentar e perguntar: “O que tá acontecendo de novo e como a gente resolve?”. Talvez vocês percebam que erros de validação vivem aparecendo porque cada um faz de um jeito
Para Terminar: Dê o Primeiro Passo
Não tente transformar tudo de uma só vez. Foque em algo pequeno — configurar um linter, testar uma parte essencial ou melhorar o jeito que o time revisa — e vá ajustando aos poucos. É assim que a qualidade começa a fazer parte da rotina, sem complicação.