Se você está começando a implementar as métricas DORA , parabéns! Essas métricas são ferramentas poderosas para melhorar a performance e eficiência do seu time de engenharia. Porém, muitos acabam cometendo erros comuns nesse processo, que podem minar todo o potencial de melhoria que as métricas oferecem.
Nesta postagem, vamos abordar os principais erros ao adotar as métricas DORA, com dicas práticas de como evitá-los. Nosso objetivo é te ajudar a evitar armadilhas e acelerar o caminho para melhores resultados.
Subestimar a Importância do Contexto da Equipe
Quando as empresas começam a usar as métricas DORA, é fácil querer aplicá-las cegamente, sem considerar o contexto e as necessidades específicas da equipe. Cada organização é única, com diferentes tamanhos de time, processos e culturas. O que funciona para uma startup de 10 pessoas pode não funcionar para uma empresa de grande porte.
Por isso, antes de implementar as métricas, faça uma análise do seu ambiente. Discuta com sua equipe sobre quais desafios estão enfrentando e quais métricas podem fornecer insights valiosos. Lembre-se: não se trata de coletar dados por coletar, mas de garantir que as métricas se alinhem com os objetivos da organização. Sem isso, você corre o risco de seguir por um caminho que não trará valor real.
Medir Sem Uma Linha de Base
Outro erro comum é começar a medir as métricas DORA sem ter uma linha de base clara. Imagine tentar melhorar a eficiência de um time sem saber como ele estava performando anteriormente. Isso cria uma situação onde é impossível avaliar se os esforços estão realmente gerando impacto.
Estabelecer uma linha de base é o primeiro passo para garantir que você possa comparar o desempenho ao longo do tempo. Para isso, você precisará coletar dados por um período inicial antes de começar a implementar mudanças. Dessa forma, você terá um ponto de comparação confiável para identificar melhorias reais ou problemas emergentes.
Focar em Quantidade e Não em Qualidade
Com métricas em mãos, muitos gestores cometem o erro de focar apenas nos números. No caso das métricas DORA, não é diferente. Por exemplo, aumentar a frequência de deploys pode parecer positivo à primeira vista, mas isso só é benéfico se esses deploys estiverem realmente entregando valor sem comprometer a estabilidade.
O foco deve ser a qualidade das entregas, e não apenas a quantidade. Uma alta frequência de deploy com uma taxa de falhas igualmente alta não trará melhorias reais para o negócio. Da mesma forma, uma recuperação rápida de uma falha só faz sentido se a equipe estiver implementando mudanças eficazes para evitar falhas futuras.
Usar as Métricas DORA para Pressionar, Não para Melhorar
Um dos erros mais prejudiciais ao adotar essas métricas é transformá-las em ferramentas de pressão sobre o time, em vez de usá-las como instrumentos para melhorar os processos. A tentação de exigir mais deploys ou tempos de recuperação menores pode ser grande, especialmente quando os números das métricas são apresentados de maneira isolada, sem o contexto correto. Quando as métricas são usadas apenas como um meio de “cobrança”, a equipe pode se sentir sufocada e desmotivada.
O ponto aqui é que as métricas DORA foram criadas para fornecer insights valiosos que ajudam a identificar gargalos e oportunidades de otimização. Elas não devem ser vistas como metas rígidas para punir o time caso não atinjam determinados números. Quando usadas para pressão, o resultado pode ser exatamente o oposto do desejado: uma equipe estressada, que começa a “jogar o jogo dos números” ao invés de focar em entregar valor de qualidade.
Em vez disso, as métricas devem ser usadas para promover um ambiente de aprendizado e melhoria contínua, onde falhas são oportunidades de crescimento e não motivo de punição.
Não Considerar a Interdependência Entre as Métricas DORA
As métricas DORA estão profundamente interconectadas, e é um erro comum tentar melhorar apenas uma delas sem considerar o impacto nas demais. Por exemplo, se o foco da equipe estiver apenas em reduzir o Lead Time for Changes (tempo entre a submissão de uma mudança e sua implantação), a equipe pode começar a fazer deploys mais frequentes, mas com mudanças mal testadas ou com qualidade inferior.
Isso, por sua vez, pode aumentar a Change Failure Rate (taxa de falhas nas mudanças) e levar a um maior Mean Time to Recovery (tempo médio de recuperação). Nesse cenário, a tentativa de melhorar uma métrica acaba prejudicando as outras, criando um ciclo vicioso de problemas.
Por isso, é fundamental olhar para as métricas de forma holística. Melhorar o Lead Time for Changes é importante, mas sem comprometer a estabilidade e a qualidade das mudanças. Equilibrar essas métricas é o segredo para garantir que o time continue entregando valor sem prejudicar a confiabilidade e a saúde do sistema.
Falta de Feedback Contínuo
Implementar as métricas DORA é apenas o começo. Um erro crítico é não manter um ciclo contínuo de feedback com base nos resultados dessas métricas. A coleta de dados só faz sentido se for usada para promover melhorias constantes e ajustar os processos conforme necessário.
Tenha ciclos regulares de revisão, como retrospectivas, onde os dados das métricas são discutidos abertamente pela equipe. Isso promove uma cultura de transparência e aprendizado, além de garantir que todos estejam alinhados em relação aos objetivos de melhoria. Sem esse feedback, as métricas podem perder seu valor com o tempo.
Desconsiderar o Tempo Necessário para Mudanças
A implementação das métricas DORA é um processo que exige tempo. Esperar resultados rápidos é outro erro comum que pode gerar frustração. Assim como qualquer mudança significativa, melhorar a eficiência de um time de engenharia é um processo gradual.
As melhorias que você verá ao monitorar e ajustar as métricas DORA podem não ser imediatas, mas serão duradouras. Portanto, seja paciente e dê tempo ao seu time para se adaptar às mudanças, aprender com os dados e fazer ajustes necessários. A implementação bem-sucedida de métricas exige um mindset de longo prazo.
Mantenha o Foco na Evolução Contínua
Implementar as métricas DORA pode transformar o desempenho do seu time de engenharia, mas apenas se feito com cuidado. Evitar esses erros comuns é essencial para garantir que as métricas não se tornem apenas mais uma obrigação, mas sim uma ferramenta poderosa para a melhoria contínua.
Lembre-se, o objetivo final não é apenas atingir melhores números, mas criar um ambiente de trabalho mais ágil, produtivo e colaborativo. Ao usar as métricas DORA corretamente, você ajudará sua equipe a identificar gargalos, melhorar processos e, em última análise, entregar mais valor ao negócio.