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Compreendendo Tipos de Agentes de IA
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Compreendendo Tipos de Agentes de IA

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Vamos ser sinceros: o termo “Agente de IA” está em toda parte. Parece mais uma daquelas buzzwords que ou vai mudar tudo, ou vai sumir em seis meses. Eu aposto na primeira opção. Entender os diferentes tipos de agentes de IA não é só uma questão acadêmica  é sobre compreender a mudança fundamental na forma como vamos criar software. Estamos saindo de um modelo onde escrevemos instruções explícitas para um onde projetamos sistemas autônomos que percebem, decidem e agem por conta própria.

Então, o que de fato é um agente inteligente? Em essência, é um sistema que consegue:

  • Perceber seu ambiente (via sensores, APIs, data streams, etc.).
  • Agir nesse ambiente (fazendo chamadas de API, enviando mensagens, controlando um braço robótico, etc.).
  • Fazer isso com algum grau de autonomia para atingir um objetivo específico.

Isso não é só uma nova biblioteca ou framework. É um novo paradigma de arquitetura. E se você é dev, product manager ou simplesmente uma pessoa curiosa, precisa entender as diferentes variações que existem.

O Espectro de Arquiteturas de Agentes

Nem todos os agentes são iguais. Eles variam do extremamente simples ao assustadoramente complexo. A maioria se encaixa em algum ponto desse espectro, e entender esse espectro é fundamental para saber quando usar cada tipo.

1. Agentes Reativos Simples

Esta é a forma mais básica de um agente. Pense nele como uma pura máquina de estímulo-resposta. Ele observa o estado atual do mundo e executa uma regra. E só.

Como funcionam: Eles se baseiam em um conjunto de regras de condição-ação. “SE isso, ENTÃO faça aquilo.” Não há memória do passado nem planejamento sobre o futuro.

Sejamos realistas: isso é só um nome chique para o que programamos há décadas.

if (temperature > 72) { turnOnAC(); }

Isso é um agente reativo simples. Seu termostato inteligente é um exemplo perfeito. Assim como muitos chatbots básicos de atendimento ao cliente que respondem a palavras-chave com respostas prontas.

Limitações: São completamente stateless. Se entrarem em um loop, ficarão presos para sempre, pois não têm memória do que acabaram de fazer. Eles não conseguem se adaptar ou aprender.

Ótimos para ambientes simples e previsíveis, onde a percepção imediata é tudo o que você precisa para tomar uma decisão.

2. Agentes Reativos Baseados em Modelos

Aqui as coisas ficam mais interessantes. Um agente baseado em modelo não reage apenas ao que vê no momento. Ele mantém um “modelo” interno do mundo, que é uma representação de como as coisas funcionam.

Como funcionam: Eles usam a percepção do mundo para atualizar seu estado interno. Isso permite que lidem com situações em que não conseguem ver tudo de uma vez. Eles têm uma memória de percepções passadas que os ajuda a entender a situação atual.

Um Roomba que memoriza o layout do seu apartamento é um ótimo exemplo. Ele não consegue ver o chão todo de uma vez, mas constrói um mapa (seu modelo) enquanto se move. Quando bate em uma cadeira, ele não apenas reage; ele atualiza seu mapa interno com a localização da cadeira.

Por que isso é importante: Este é o primeiro passo em direção à verdadeira “inteligência”. O agente pode tomar decisões melhores porque tem o contexto do que aconteceu antes.

Use este tipo quando o agente precisa entender como o mundo muda com o tempo e não pode depender apenas da entrada atual.

3. Agentes Baseados em Objetivos

Agora, saímos da reação para o planejamento. Um agente baseado em objetivos sabe o que quer alcançar. Ele não fica apenas vagando; ele considera ativamente as consequências futuras de suas ações para encontrar uma sequência que o leve ao seu objetivo.

Como funcionam: Eles usam algoritmos de busca e planejamento. Pense em um sistema de navegação GPS. Seu objetivo é o seu destino. Ele não escolhe a próxima curva aleatoriamente; ele busca por rotas possíveis (sequências de ações) para encontrar uma que te leve ao destino.

Esses agentes se perguntam: “O que acontecerá se eu executar a ação A, depois a B e depois a C?” para ver se essa sequência leva ao estado desejado.

4. Agentes Baseados em Utilidade

Ok, atingir o objetivo é ótimo. Mas e se houver várias maneiras de chegar lá? Algumas podem ser mais rápidas, outras mais baratas, outras mais seguras. Um agente baseado em objetivos pode ver todas como iguais. Um agente baseado em utilidade, não.

Como funcionam: Este agente tenta maximizar sua “utilidade”, que é apenas uma palavra elegante para uma pontuação que representa o quão desejável algo é. Ele possui uma função de utilidade que avalia um estado e informa ao agente o quão bom ele é.

Seu GPS não encontra apenas uma rota; ele encontra a rota mais rápida. Ele está otimizando por tempo. Isso é uma função de utilidade. Ele também pode oferecer uma rota sem pedágios (otimizando o custo) ou uma rota mais cênica (otimizando a… paisagem).

Por que isso é tão poderoso: Permite a tomada de decisão sob incerteza e com prioridades conflitantes. Um bot de trading financeiro é um exemplo clássico de agente baseado em utilidade. Seu objetivo não é apenas “ter lucro”, mas “maximizar o lucro enquanto minimiza o risco”. Esse trade-off é calculado por uma função de utilidade.

Agentes baseados em utilidade são para problemas complexos onde o “sucesso” não é um estado binário, mas um espectro de resultados. Eles são os tomadores de decisão racionais.

5. Agentes de Aprendizagem

Este não é bem um tipo independente, mas sim um superpoder que pode ser adicionado aos agentes acima. Um agente de aprendizagem pode melhorar seu desempenho ao longo do tempo através da experiência.

Como funcionam: Um agente de aprendizagem tem quatro componentes principais:

  • Elemento de Desempenho: A parte do agente que de fato percebe e age (ex: o componente baseado em modelo ou utilidade).
  • Crítico: Fornece feedback sobre o desempenho do agente. Ele compara o resultado com um padrão de performance.
  • Elemento de Aprendizagem: Usa o feedback do crítico para fazer melhorias no elemento de desempenho.
  • Gerador de Problemas: Sugere novas ações exploratórias. É assim que o agente tenta coisas novas para ver se encontra maneiras melhores de fazer as coisas.

Pense em como o AlphaGo aprendeu a jogar Go. Ele começou com um elemento de desempenho (um agente baseado em utilidade), jogou milhões de partidas contra si mesmo (o gerador de problemas), recebeu feedback sobre se venceu ou perdeu (o crítico) e atualizou suas redes neurais para fazer jogadas melhores no futuro (o elemento de aprendizagem).

Como o aprendizado transforma os outros tipos de agentes de IA

É aqui que tudo se conecta. Um componente de aprendizado pode melhorar qualquer agente:

  • Um agente baseado em modelo pode aprender um modelo mais preciso do mundo.
  • Um agente baseado em objetivos pode aprender maneiras mais eficientes de planejar.
  • Um agente baseado em utilidade pode aprender o que seu usuário realmente prefere, refinando sua função de utilidade ao longo do tempo (Pense na playlist Descobertas da Semana do Spotify).

E o que isso significa para devs?

Isso não é apenas uma taxonomia. É uma caixa de ferramentas. Por anos, construímos sistemas dizendo a eles exatamente como fazer algo. O paradigma de agentes consiste em dizer a eles o que alcançar e dar as ferramentas para que descubram o “como” por conta própria.

Esta é uma mudança profunda. Seu trabalho deixa de ser o de um microgerente que escreve instruções linha por linha para se tornar o de um arquiteto que projeta sistemas orientados a objetivos.

As Partes Difíceis (Porque Nunca é Tão Simples)

Claro, isso traz novos desafios:

  • Complexidade e Debug: Como depurar um sistema que toma suas próprias decisões? Quando ele faz algo inesperado, é um bug ou uma estratégia emergente que você não previu? Este é um problema enorme e ainda sem solução.
  • Definindo o Sucesso: Criar uma boa função de utilidade é mais arte do que ciência. Se você errar um pouco, pode ter “reward hacking”, onde o agente otimiza a métrica, mas falha no objetivo real (o infame problema do “maximizador de clipes de papel”).
  • Ferramentas e Frameworks: O ferramental ainda é nascente. Frameworks como LangChain, AutoGen e CrewAI são pontos de partida incríveis para construir agentes baseados em LLMs, mas ainda estamos no início da jornada para descobrir as melhores práticas para testá-los, implantá-los e gerenciá-los.

Apesar dos desafios, a direção é clara. Estamos prestes a construir softwares que se parecem menos com uma ferramenta rígida e mais com um parceiro capaz.


Próximos Passos

Se você quer colocar a mão na massa, aqui vai um caminho simples:

  1. Comece pequeno: Tente construir um agente reativo simples ou baseado em modelo. Use uma API de LLM para classificar um e-mail recebido (perceber) e, em seguida, use uma regra para arquivá-lo ou marcá-lo (agir).
  2. Explore um framework: Experimente o LangChain ou o CrewAI. Siga os tutoriais deles para construir um agente de múltiplos passos que possa, por exemplo, pesquisar um tópico online, resumir suas descobertas e escrever um post de blog. Isso vai te introduzir a conceitos baseados em objetivos.
  3. Pense em agentes: Na próxima vez que estiver projetando uma feature, pergunte-se: “Um agente poderia fazer isso?”. Como você definiria seu ambiente, seus objetivos e suas possíveis ações? Apenas pensar dessa forma já vai exercitar seu pensamento arquitetural.
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