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Como medir o Cycle time e qual a sua importância

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Dentro do ecossistema de desenvolvimento você encontrará uma série de métricas operacionais que orientam a entrega ágil. E dentre essas métricas, o cycle time destaca-se como um dos indicadores mais cruciais.

Imagine uma equipe que, sem perceber, esteja enfrentando atrasos contínuos em suas entregas, acarretando em insatisfações do cliente e perdas financeiras. Agora, imagine se essa mesma equipe tivesse em mãos uma métrica que pudesse alertá-los antecipadamente sobre esses atrasos, permitindo ações corretivas antes que os problemas escalassem. É nesse contexto que o tempo de ciclo atua como uma bússola, fornecendo insights valiosos sobre a eficiência e eficácia do processo de desenvolvimento.

Mas, o que realmente é o cycle time? E por que ele é tão vital no mundo ágil do desenvolvimento de software? Se estas questões despertam sua curiosidade e você busca excelência em suas entregas, continue lendo este artigo. 

O que é Cycle Time? 

No desenvolvimento de software, o entendimento preciso das métricas é essencial para a gestão eficaz dos projetos. O cycle time é uma dessas métricas centrais que quantifica a duração de uma tarefa específica dentro do processo produtivo.

O cycle time é o intervalo de tempo decorrido desde o momento em que uma tarefa entra em desenvolvimento até o instante em que está pronta para ser entregue. Em outras palavras, é a duração real da fase de execução, oferecendo uma janela transparente para a eficiência do processo de desenvolvimento.

Agora, muitas vezes, o cycle time é confundido com o lead time. Por exemplo, imagine que uma equipe de desenvolvimento receba uma solicitação para criar um novo recurso em um aplicativo. O lead time começaria a contar desde o momento em que a solicitação foi recebida até o recurso ser totalmente implementado e entregue ao usuário final. Já o cycle time consideraria apenas o período desde o início do desenvolvimento desse recurso específico até sua conclusão, sem levar em conta fases anteriores como a concepção ou a priorização. Ambos desempenham papéis distintos, mas complementares, na análise da eficiência operacional.

Para ilustrar, consideremos uma funcionalidade de login em um aplicativo. A equipe recebe a solicitação no dia 1º de janeiro. No entanto, só começa a trabalhar efetivamente nela no dia 5, após priorização e análise. Se o recurso for entregue ao usuário final no dia 10 de janeiro, teremos:

  • Lead time: Do dia 1º ao dia 10, totalizando 10 dias. Isso abrange desde a identificação da necessidade até a entrega final.
  • Cycle time: Do dia 5 ao dia 10, totalizando 6 dias. Esse tempo refere-se a fase que o item esteve em desenvolvimento até ir para produção.

Ambos os tempos, lead time e cycle time, desempenham papéis distintos, mas complementares, na análise da eficiência operacional.

Por outro lado, quando lançamos um olhar sobre o universo ágil, encontramos outras métricas como velocity e throughput. O velocity mede o quanto de trabalho uma equipe pode concluir durante um sprint, refletindo sua capacidade em um intervalo fixo de tempo. O throughput, por sua vez, reflete a quantidade de trabalho concluído em um período contínuo. No entanto, o cycle time diferencia-se ao focar na rapidez com que uma tarefa ou recurso é processado e concluído. Em resumo, enquanto algumas métricas nos fornecem uma perspectiva sobre a quantidade, o cycle time dá uma visão sobre a velocidade.

Dito isso, é evidente que compreender o cycle time, em sua essência e em relação a outras métricas, é um passo crucial para otimizar processos e alcançar a excelência em desenvolvimento. 

Importância do cycle time no desenvolvimento de software

No universo do desenvolvimento de software, onde os prazos são frequentemente apertados e as expectativas dos stakeholders são altas, a eficiência operacional se destaca como uma necessidade crítica. O tempo de ciclo, nesse contexto, assume uma posição central na determinação de quão eficientemente uma equipe opera.

O tempo de ciclo é particularmente revelador em ambientes de desenvolvimento de software. Se uma feature ou correção de bug tem um cycle time longo, pode indicar várias complicações, desde falta de clareza nas especificações, dificuldades técnicas inesperadas, até falhas na comunicação interna da equipe. Em contraste, um cycle time curto sugere que a equipe de desenvolvimento está alinhada, as ferramentas e processos estão bem configurados, e o código está sendo produzido eficazmente.

A previsibilidade é um recurso valioso no desenvolvimento de software. Ao otimizar o cycle time, as equipes podem prever com mais precisão quando um determinado conjunto de funcionalidades estará pronto para ser integrado ou lançado. Isso facilita a gestão de expectativas com outras equipes, como marketing e vendas, e permite uma programação mais precisa dos ciclos de release.

Entregar atualizações de software, novas funcionalidades ou correções em um ritmo acelerado é uma enorme vantagem competitiva no mercado de tecnologia. Reduzir o cycle time garante que as soluções sejam entregues rapidamente, atendendo às necessidades urgentes dos clientes e reagindo a mudanças no ambiente de mercado.

A natureza dinâmica do desenvolvimento de software significa que as equipes precisam estar prontas para adaptar-se às mudanças de requisitos ou tecnologias emergentes. Um tempo de ciclo eficiente garante que a equipe possa fazer ajustes quase em tempo real, mantendo-se alinhada às tendências atuais e às demandas dos usuários.

Fatores que afetam o tempo de ciclo

O cycle time não é influenciado por um único elemento, mas por uma combinação de vários fatores internos e externos. Compreender esses fatores é essencial para qualquer equipe que busca otimizar seus processos e melhorar a eficiência.

Complexidade da Tarefa

Em desenvolvimento, nem todas as tarefas são criadas igualmente. Funcionalidades mais complexas podem exigir mais tempo de pesquisa, design, codificação e testes. Além disso, questões técnicas inesperadas ou dependências externas podem prolongar o cycle time.

Habilidades da Equipe

A expertise e experiência dos membros da equipe são cruciais. Desenvolvedores mais experientes podem ser mais rápidos na identificação de problemas e na implementação de soluções. Por outro lado, uma equipe com lacunas de habilidade pode encontrar desafios que afetam o tempo de desenvolvimento.

Práticas de Desenvolvimento

A metodologia de desenvolvimento adotada, seja ela Waterfall, Agile, Scrum ou Kanban, influencia o cycle time. Métodos ágeis, em particular, tendem a enfatizar entregas menores e mais frequentes, o que pode reduzir o cycle time para funcionalidades individuais.

Ferramentas e Infraestrutura

Ferramentas inadequadas ou infraestrutura obsoleta podem atrasar o desenvolvimento. Por exemplo, um ambiente de integração contínua mal configurado pode causar atrasos, enquanto ferramentas modernas de desenvolvimento e automação podem acelerar o processo.

Comunicação e Colaboração

A eficácia com que as equipes se comunicam internamente e com outras partes interessadas pode impactar o cycle time. Falhas de comunicação podem levar a retrabalhos, enquanto uma colaboração eficaz pode acelerar a tomada de decisões.

Carga de Trabalho e Priorização

Se a equipe estiver sobrecarregada ou se a priorização não for clara, o tempo de ciclo pode ser afetado. A gestão eficaz do backlog e a priorização clara das tarefas são essenciais para manter o fluxo de trabalho otimizado.

Feedback e Iterações

Em desenvolvimento ágil, o feedback frequente e as iterações rápidas são fundamentais. No entanto, feedbacks tardios ou mudanças frequentes nos requisitos podem prolongar o tempo de ciclo.

Em resumo, enquanto o objetivo é sempre reduzir o cycle time e entregar valor mais rapidamente, é fundamental que as equipes de desenvolvimento reconheçam e compreendam os múltiplos fatores que podem influenciar essa métrica. Com esse entendimento, podem ser tomadas medidas proativas para otimizar cada aspecto do processo de desenvolvimento.

Como medir o cycle time em times de desenvolvimento de software

O tempo de ciclo é uma métrica crucial que fornece insights sobre a eficiência do processo de desenvolvimento de software. Medi-lo com precisão é vital para identificar áreas de melhoria e otimizar as operações.

Calculando o Cycle Time

Entender como calcular o cycle time de maneira precisa exige uma decomposição das etapas do processo de desenvolvimento. Cada atividade dentro desse processo tem seu próprio tempo, e todas elas juntas compõem o cycle time total.

  • Tempo de código: Esta é a fase em que o desenvolvimento real acontece. O cycle time começa a ser contado a partir do momento que o desenvolvedor inicia a codificação da atividade.
  • Tempo de espera: Nem todo o tempo é gasto ativamente codificando. Em muitos fluxos de trabalho, pode haver períodos de inatividade, como quando um Pull Request (PR) está pendente de revisão. Estes tempos de espera devem ser levados em conta no cycle time total.
  • Tempo de revisão: Após a codificação, o código é revisado e testado. Esse processo de garantia de qualidade, onde outros desenvolvedores ou QA revisam o PR, também é uma parte vital do cycle time.
  • Tempo de deploy: A última etapa é colocar o código em produção. Seja através de um deploy manual ou automatizado, o tempo que leva desde a aprovação do PR até o código estar vivo e rodando para os clientes é o finalizador do cálculo do cycle time.

Para maior precisão e alinhamento estratégico, é recomendável calcular o cycle time considerando os dias úteis ou dias corridos de acordo com o padrão da empresa

A média do cycle time de várias tarefas fornece uma visão geral da eficiência do fluxo de desenvolvimento. Ela é uma métrica estatística que ajuda as equipes a identificar padrões, otimizar processos e prever prazos com maior precisão.

Exemplo Prático do Cálculo do Cycle Time

Vamos imaginar a trajetória de uma tarefa específica, que faz parte de um novo recurso que será adicionado a um aplicativo.

  • Tempo de código:
    • A tarefa é atribuída a Pedro, um desenvolvedor, na segunda-feira às 09:00.
    • Pedro começa a codificar imediatamente e conclui essa fase na terça-feira às 11:00.
    • Duração: 26 horas.
  • Tempo de espera:
    • Pedro então abre um Pull Request (PR) para a revisão do código.
    • O PR fica pendente até quarta-feira às 14:00, quando um revisor começa a avaliá-lo.
    • Duração: 27 horas.
  • Tempo de revisão:
    • A revisão do código e os testes associados levam 5 horas.
    • O PR é aprovado na quarta-feira às 19:00.
    • Duração: 5 horas.
  • Tempo de deploy:
    • O código é, então, preparado para ser colocado em produção.
    • Na quinta-feira às 09:00, o recurso é finalmente lançado e disponibilizado para os usuários.
    • Duração: 14 horas.
  • Considerando dias úteis:
    • O cálculo total foi feito considerando as horas de trabalho durante os dias úteis. Se houvesse fins de semana no meio, seriam excluídos da contagem.

Somando todas essas durações, o cycle time total da tarefa é de 72 horas, ou 3 dias úteis completos.

Média do cycle time dessa tarefa

  • Supondo que outras tarefas similares tenham cycle times de 68 horas, 75 horas e 70 horas respectivamente, a média dessas tarefas é de aproximadamente 71,25 horas.
  • Isso significa que, em média, tarefas similares passam um pouco mais de 3 dias úteis no fluxo de desenvolvimento.

Este exemplo ajuda a ilustrar como as diferentes fases influenciam no cycle time e como ele pode ser usado para avaliar e melhorar continuamente o processo de desenvolvimento de software.

Conclusão

O cycle time destaca-se como uma métrica fundamental no contexto do desenvolvimento de software. Ele serve como um indicador direto da eficiência operacional, mostrando quanto tempo uma equipe leva para transformar uma ideia ou requisito em uma solução entregue. Ao monitorar e otimizar o tempo de ciclo, as organizações não apenas aceleram suas entregas, mas também aprimoram a qualidade geral dos produtos desenvolvidos. Portanto, para qualquer empresa que aspire à excelência no desenvolvimento de software, compreender e atuar sobre o tempo de ciclo é imperativo.

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