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Monorepo vs. múltiplos repositórios: qual é a melhor estratégia para uma base de código em crescimento?
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Monorepo vs. múltiplos repositórios: qual é a melhor estratégia para uma base de código em crescimento?

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A estrutura de repositório que funciona para uma startup de duas pessoas quase nunca funciona para um time de engenharia com cinquenta. O que começa como uma base de código simples e limpa acaba desenvolvendo pontos de atrito conforme mais pessoas e serviços são adicionados. A conversa sobre usar um único monorepo ou dividir o trabalho em vários repositórios geralmente começa aqui, quando o gerenciamento de dependências fica complicado, as práticas começam a divergir entre os times e os builds de CI passam a demorar tempo demais. É uma tensão constante entre dar autonomia para os times se moverem rápido e manter o contexto compartilhado necessário para que os serviços realmente funcionem juntos.

O desafio evolutivo da estrutura de código

Na prática, a dor aparece nos pull requests. Um simples bug fix em uma biblioteca compartilhada exige cinco PRs separados em cinco repositórios de serviços diferentes, ou um desenvolvedor do time web não consegue testar suas mudanças localmente porque o time de API acabou de refatorar um modelo central, e ninguém percebeu que aquela dependência existia.

Esses não são problemas teóricos, são atrasos diários que bloqueiam releases e frustram engenheiros. O maior desafio é encontrar uma estrutura que minimize esse tipo de sobrecarga de coordenação sem criar novos gargalos.

Entendendo as arquiteturas centrais: monorepo e múltiplos repositórios

O debate se resume a dois modelos principais para organizar código. Cada um otimiza um conjunto diferente de prioridades e introduz seus próprios problemas específicos quando não é bem gerenciado.

A abordagem de monorepo

Um monorepo é um único repositório que contém vários projetos distintos com relacionamentos bem definidos. Pense em uma aplicação frontend, sua API backend e uma biblioteca de componentes compartilhada, todos vivendo no mesmo repositório `git`. A principal vantagem é a capacidade de fazer mudanças em todos eles em um único commit. Quando um contrato de API muda, você pode atualizar o servidor da API e seus clientes no mesmo PR, garantindo que estejam sempre sincronizados.

Isso é extremamente útil para projetos fortemente acoplados e para impor consistência com ferramentas compartilhadas como linters e frameworks de teste. Os problemas começam a aparecer com a escala. À medida que o repositório cresce, `git clone` e `git status` podem ficar lentos. Os sistemas de build precisam ser inteligentes o suficiente para testar e fazer deploy apenas do que realmente mudou, o que exige ferramentas especializadas. O controle de acesso também vira uma preocupação, já que dar acesso a um projeto para um prestador pode significar dar acesso a toda a base de código.

A abordagem de múltiplos repositórios

A alternativa é dar a cada serviço, aplicação ou biblioteca seu próprio repositório. Esse modelo deixa claro quem é responsável por cada parte. O time que é dono do serviço de pagamentos é dono do repositório `payments-api`. Essa independência permite que os times desenvolvam, testem e façam deploy no seu próprio ritmo. Os repositórios são menores, os builds são mais rápidos (para aquele serviço específico) e o controle de acesso é direto.

O trade-off é a coordenação. Gerenciar dependências entre dezenas de repositórios é um peso operacional sério. Uma mudança em uma biblioteca utilitária comum pode disparar uma cascata de updates, PRs e deploys pela organização inteira. Sem disciplina, você acaba com uma várias de versões, em que serviços diferentes rodam versões diferentes da mesma biblioteca interna, tornando bugs difíceis de rastrear. Impor práticas consistentes de teste, segurança e deploy também exige muito esforço, porque não existe uma única fonte de verdade.

Fatores-chave ao escolher uma estratégia de repositório

A escolha certa depende totalmente do seu contexto. A resposta vem de olhar para como seu código, seus times e seus processos realmente funcionam, e não de seguir uma tendência. Quatro fatores costumam importar mais.

Interdependências e acoplamento

Essa provavelmente é a pergunta mais importante: com que frequência os componentes precisam mudar juntos? Se seu frontend e backend quase sempre são implantados em conjunto, separá-los em repositórios diferentes cria trabalho constante e desnecessário. Você vai gastar mais tempo coordenando PRs e gerenciando versões do que escrevendo código. A sobrecarga de coordenar mudanças entre limites de repositórios é um imposto direto sobre a produtividade dos desenvolvedores. Se seus serviços são realmente independentes e interagem por meio de APIs estáveis e versionadas, então múltiplos repositórios podem funcionar muito bem.

Estrutura do time e padrões de colaboração

Como seus times estão organizados? Um time pequeno e co-localizado consegue lidar facilmente com a sobrecarga de comunicação de um monorepo. Quando todo mundo está nas mesmas reuniões de planejamento, fica fácil coordenar mudanças que quebram compatibilidade. Para organizações grandes e distribuídas, com times em fusos horários diferentes, as linhas claras de ownership de múltiplos repositórios podem reduzir o atrito de comunicação. A pergunta é se você quer otimizar para limites claros e trabalho assíncrono (multi-repo) ou para refatorações entre times sem fricção e contexto compartilhado (monorepo).

Workflows de build, teste e deploy

Seu pipeline de CI/CD vai ser bem diferente dependendo do modelo que você escolher. Um monorepo exige um sistema de build inteligente que consiga identificar o subconjunto da base de código afetado por uma mudança e rodar apenas os testes e deploys relevantes. Sem isso, os tempos de CI acabam virando um gargalo grande. Em um mundo de múltiplos repositórios, o desafio é outro. Você precisa de pipelines de build e deploy padronizados que possam ser aplicados em todos os repositórios, e de uma estratégia para orquestrar releases que envolvem mudanças em vários serviços. Por exemplo, como fazer rollout com segurança de uma mudança que exige que uma API e uma aplicação web sejam atualizadas ao mesmo tempo?

Ecossistema de ferramentas e infraestrutura

Monorepos são muito mais viáveis hoje graças a ferramentas como Bazel, Nx e Turborepo. Essas ferramentas resolvem os problemas centrais de agendamento de tarefas e cache remoto, tornando possível gerenciar bases de código enormes sem tempos de build inviáveis. Adotar um monorepo sem se comprometer a investir nessas ferramentas é receita para fracasso. Em múltiplos repositórios, o foco das ferramentas é o gerenciamento e a descoberta de dependências. Você vai precisar de um registry privado de pacotes (como Artifactory ou GitHub Packages) para hospedar bibliotecas internas, e ferramentas como Dependabot se tornam essenciais para manter dependências atualizadas. Scans de segurança e controle de acesso também precisam ser configurados e gerenciados para cada repositório.

Framework de avaliação

Em vez de procurar uma resposta universalmente correta, avalie sua situação específica. A melhor estratégia é aquela que causa o menor atrito possível para seus times no dia a dia.

Avaliando seu estado atual e necessidades futuras

Comece analisando o nível real de interconexão da sua base de código. Olhe para PRs recentes e ciclos de desenvolvimento de features. Quantos deles exigiram mudanças em mais de um serviço ou biblioteca? Se esse número for alto, é um sinal forte de que a sobrecarga de coordenação de um setup multi-repo já está custando caro. Em seguida, considere a estrutura do seu time. Vocês estão organizados em pequenos times de produto autônomos, ou existe muita colaboração entre times?

Por fim, seja honesto sobre a sobrecarga operacional. Você tem recursos de engenharia de plataforma para construir e manter as ferramentas especializadas que um monorepo exige, ou os processos de padronização que um setup multi-repo demanda?

O que considerar para um monorepo funcionar bem

Se você decidir que um monorepo é a escolha certa, o sucesso depende de algumas práticas-chave:

Invista em ferramentas desde o primeiro dia. Você precisa de ferramentas robustas de build, teste e navegação de código. Não assuma que dá para simplesmente colocar tudo em uma pasta e resolver depois. Use filtros baseados em caminhos no CI para que uma mudança na documentação não dispare toda a suíte de testes do serviço backend.

Defina responsabilidades claras. Use arquivos `CODEOWNERS` para definir quais times são responsáveis por quais partes da base de código. Isso garante que os PRs cheguem às pessoas certas e evita que código fique sem dono.

Faça com que seja fácil encontrar código e lidar com versões. Facilite para que desenvolvedores encontrem e usem bibliotecas compartilhadas. Para bibliotecas internas, você vai precisar de uma estratégia clara de versionamento dentro do monorepo para lidar com mudanças que quebram compatibilidade.

O que considerar ao gerenciar vários repositórios

Se você gerencia vários repositórios, disciplina e padronização são críticas:

Padronize tudo o que for possível

Crie templates ou “starter kits” para novos serviços que incluam scripts de build padronizados, Dockerfiles, configurações de lint e pipelines de CI/CD. Isso evita desvio de configuração e facilita a movimentação de desenvolvedores entre projetos.

Seja disciplinado com versionamento

Use versionamento semântico para todas as bibliotecas e APIs compartilhadas. Automatize atualizações de dependências o máximo possível para não ficar para trás em patches de segurança e correções de bugs.

Defina limites claros e contratos de API

Quando serviços vivem em repositórios separados, suas APIs são o único contrato formal entre eles. Essas APIs precisam ser bem documentadas, estáveis e retrocompatíveis para evitar que mudanças em um serviço quebrem outro.

Reavaliando sua estratégia: quando e como

Sua escolha não é permanente. Você deve reavaliar periodicamente se sua estratégia de repositórios ainda está funcionando bem. O principal sinal de que algo está errado é atrito recorrente e doloroso. Mudanças transversais estão levando semanas para serem aplicadas em vários repositórios? Times ficam constantemente bloqueados esperando outro time liberar uma nova versão de uma biblioteca? Os tempos de build do monorepo estão tão lentos que desenvolvedores evitam rodar testes?

Quando você identificar esses pontos de dor, considere ajustes incrementais antes de uma migração em larga escala. Se você tem alguns serviços em repositórios separados que sempre mudam juntos, tente juntar apenas esses em um único monorepo. Veja se isso reduz o atrito. O objetivo é ajustar continuamente a organização do código para refletir como seus times e sistemas realmente funcionam, e não perseguir um ideal arquitetural.

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