Se você lidera um time de engenharia, entender o throughput do seu time é essencial. Não só pra saber quantas tarefas estão sendo entregues por sprint, mas também pra ter clareza sobre o que de fato está gerando valor.
A métrica de throughput começa a fazer diferença quando deixa de ser só um número no dashboard e vira base pra tomada de decisão. Ela ajuda a responder perguntas que aparecem o tempo todo: qual é a nossa capacidade real de entrega? O que cabe ou não no próximo ciclo? Estamos mantendo um ritmo saudável ou só apagando incêndio?
Neste artigo, vamos direto ao ponto:
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O que o throughput mede de verdade (e o que ele não mede)
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Como usar a métrica pra ajustar prazos, escopo e expectativa
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Quais erros mais comuns distorcem a interpretação dos dados
Vamos nessa?
O que é throughput e por que você deveria acompanhar
Throughput é a contagem de entregas concluídas em um intervalo de tempo. Simples assim. Pode ser por semana, sprint, mês — o que fizer sentido pro seu ciclo.
Mas a pergunta importante é: o que você está contando?
Se você conta qualquer tipo de entrega, até bugfix, vai acabar inflando esse número. Por isso, o valor real do throughput está em acompanhar quantas entregas que geram valor foram feitas. Não é sobre quantidade, é sobre consistência com relevância.
Com esse dado em mãos, você consegue responder coisas como:
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O time consegue manter um ritmo estável de entrega?
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Qual a capacidade real em uma sprint com menos interrupções?
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Estamos entregando mais features ou mais correções?
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Dá pra prometer essa nova funcionalidade em 2 semanas com base nas últimas entregas?
Essas perguntas aparecem toda hora em discussões com produto, planejamento de roadmap, alinhamento com liderança. O throughput não resolve tudo, mas dá uma base concreta pra responder.
Um exemplo real (e comum)
Seu time entregou 9 tarefas na sprint passada. Parece um bom número. Mas quando você olha mais de perto, descobre que 6 eram bugfix, 2 eram ajustes em backlog antigo e 1 era de fato uma funcionalidade nova.
O throughput estável está ali, mas o valor percebido pode estar bem baixo. Esse tipo de leitura muda a conversa com produto, ajuda a revisar prioridades e evita que a equipe pareça estar “entregando muito” quando, na prática, está só apagando incêndio.
O que atrapalha seu throughput (mesmo quando ninguém percebe)
Existem alguns inimigos silenciosos da entrega consistente. Eles não aparecem no burndown, mas atrapalham (muito):
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Sprints longas demais: quanto maior o ciclo, mais difícil enxergar o que está funcionando e o que não
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Scope creep: quando o escopo muda toda hora, o foco vai embora junto
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WIP descontrolado: se tem 12 tarefas em andamento e nenhuma sendo finalizada, você está parado sem perceber
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Histórias mal quebradas: tarefas grandes demais travam o fluxo e derrubam a sensação de progresso
Olhar pro throughput ao longo do tempo é uma forma simples de detectar esses problemas. Ele mostra se o time está entregando de forma fluida ou se está preso em ciclos arrastados.
Como usar throughput pra renegociar escopo com confiança
Uma das maiores vantagens de acompanhar throughput é poder dizer “isso não cabe agora” com base em dados. Não é opinião, é histórico.
Se seu time costuma entregar 6 itens por sprint, e o planejamento atual está com 10 cards “obrigatórios”, você tem um ponto real pra discutir. O throughput vira uma referência de capacidade real, não de desejo.
Isso também ajuda a evitar frustrações com stakeholders e produto. Ao mostrar que você está planejando com base no que o time de fato consegue entregar, você ganha mais espaço pra renegociar prioridades e proteger o foco da equipe.
Como identificar padrões de entrega (e por que isso importa)
Olhar o throughput de uma sprint isolada é útil, mas o valor real aparece quando você começa a identificar padrões.
Se seu time entrega 5, 6, 7 itens por sprint de forma consistente, você começa a enxergar o que é previsível e o que é exceção. Isso permite planejar com mais clareza e reagir melhor a desvios.
Quando você vê o throughput oscilando demais entre sprints, isso é sinal de instabilidade. Pode ser ruído no processo, escopo mudando o tempo todo ou problemas de foco. O padrão de entrega vira um termômetro da saúde do time.
Métrica boa não serve pra controle, serve pra clareza
A ideia aqui não é medir velocidade. É medir consistência. Saber o que o time consegue entregar, com que frequência, e com quanto valor.
Throughput não resolve tudo, mas ajuda a enxergar padrões. Ajuda a dizer “sim” ou “não” com mais segurança. Ajuda a negociar melhor e planejar sem chute.
Se você quer mais previsibilidade sem precisar controlar cada passo do time, começa por aqui.
FAQ: Como usar throughput no dia a dia da sua engenharia
1. Com que frequência devo acompanhar o throughput?
A cada sprint já é suficiente. O importante é olhar pra tendência, não só pro número da semana. Se possível, acompanhe em ciclos regulares e compare com as últimas 3 a 5 sprints.
2. O que é um “bom” throughput?
Depende do seu contexto. O que importa é a consistência. Se seu time entrega 6 itens por sprint com estabilidade, isso é melhor do que oscilar entre 3 e 10. Use os dados passados pra definir expectativas futuras.
3. Como saber se estou medindo certo?
Se você está contando tudo o que foi entregue — e consegue distinguir entre bug, melhoria e feature — está no caminho certo. Só tome cuidado pra não confundir quantidade com valor. Dez entregas irrelevantes não significam progresso real.
4. Dá pra usar throughput com Scrum também?
Sim. A métrica não depende da metodologia. Ela funciona bem tanto em sprints quanto em fluxo contínuo. O que importa é manter uma forma de medir consistente e usar isso como base pra conversa com o time.
5. Quando throughput ajuda mais: no planejamento ou na retrospectiva?
Nos dois. Ele traz previsibilidade pro planejamento (baseado em entregas reais) e pauta conversas na retrospectiva (por que entregamos menos? O que mudou?). Ele fecha o ciclo.
referências: PlataformaTec